21 de janeiro de 2011

O FIM



Estamos perto do fim, pois do começo já nos distanciamos. O fim deste artigo se aproxima, pois você já o começou a ler. Estamos perto do fim do dia, pois o sol nascente anuncia o seu ocaso. O fim da semana já acena, pois o domingo terminou. O mês de janeiro está ultrapassado, o dia primeiro findou. O ano de 2011, novinho em folha, é certo que se extinguirá, pois teve um início. O fim é natural e não nos deve assustar.
Reflexões sobre o começo e sobre o fim, sobre a duração que evidencia a finitude são cada vez mais recorrentes quando testemunhamos tragédias como as que ora assolam Rio de Janeiro e São Paulo. Bairros inteiros, com seus habitantes e moradias, foram soterrados pela enxurrada de lixo e lama que desceu dos morros.
Ricos e pobres, neste momento, jazem insepultos nas antigas ruas e casas onde moravam. Em putrefação, ninguém pode mais exigir prioridade no atendimento por que seja branco ou rico. Todos fedem do mesmo jeito. Eles, que um dia começaram e no outro terminaram. Que garantias há em confiar si mesmo? Nenhuma.
Bom... tragédias anunciadas! Todo ano é assim! Não me assusto com a fúria da natureza. Ela é mais do que prevista (mesmo quando imprevisível). Espanto-me, sim, e muito, com a inércia e a lerdeza dos governantes em tomar medidas que amenizem a reação natural. Isso, sim, é imprevisível. Quem deveria ser ágil é lento e negligente.
É necessário que o Estado acorde de seu berço esplêndido e assuma o seu verdadeiro papel, qual seja a garantia dos direitos fundamentais do cidadão, que se desdobram em qualidade de vida, saúde, segurança, habitação etc. É impressionante como são gastos mais de milhão de reais em fogos de artifício na virada do ano, mas, nos hospitais, se permita que bactérias tirem a vida das pessoas, ou que sejam construções irregulares, sob a vista grossa de quem se diz fiscal.
O fim se aproxima. O do artigo, da semana, do mês, do ano e da vida. O fim é certo, contudo, ele não precisa ser antecipado, nem pelo nosso conformismo, nem pela irresponsabilidade dos nossos representantes.
Já basta de tanta conversa bonita das mesmas pessoas que querem se perpetuar no poder, construindo o edifício da cretinice sob o alicerça da incompetência.

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