7 de janeiro de 2011

A ESCRAVIDÃO DOS NOVOS TEMPOS


                                A era digital está nos castrando.
Ao invés de nos tornarmos mais humanos, nos tornamos iguais à máquina que está à nossa frente. Ilusoriamente, atribuímos ao computador uma aura de gênio, enquanto nos limitamos ao que ele nos propõe. Nem mesmo questionamos a validade da informação quando, por exemplo, no editor de texto uma palavrinha aparece grifada de vermelho (o computador nos “dizendo” qual a palavra “correta”).
                  O e-mail’s, por exemplo, grandes assassinos da educação e da cortesia, fazem com que sejamos lacônicos, sumaríssimos. Não se deseja mais um bom dia, ou uma boa tarde. Não se começa mais um texto citando o nome da pessoa. E isto é muito ruim.
                   Recentemente, recebi a seguinte mensagem em meu endereço eletrônico: “Não recebi o seu trabalho ainda. Aguardo. Att: Fulano”. Tratava-se de um texto a ser redigido e entregue a esta pessoa que, sem perceber, também tornou-se, ao meu ver, “escrava do computador”.
O que é isso?!?! Onde estão os bons modos, ou, pelo menos, a formalidade epistolar aprendida na escola? Urbanidade é palavra que sumiu de nosso cotidiano. A encontramos apenas no dicionário.
Porém, a coisa não para por aí. Sistemas educacionais, comerciais, bancários nos escravizam. É, por vezes, impossível ao usuário refazer uma ação, “porque o sistema não permite”. Ora, “pras favas” com o sistema.
O mais grave é que injustiças tremendas são feitas por causa do “sistema”. Então, preferível que o sistema não existisse. Antes o lápis e a borracha. Antes a calculadora. Antes a saudosa máquina de datilografia. Antes a educação e a justiça.
Sugiro que façamos uma revolução. Não com paus, pedras ou armas. Mas, uma revolução da auto-afirmação do homem perante as imposições e escravidões eletrônicas e informáticas. Resgatemos os bons modos nos nossos e-mail’s. Sejamos mais flexíveis quanto aos “sistemas”, muito particularmente quanto está em jogo o direito alheio.
O computador deve existir para o homem e não o homem para o computador.
Libertemo-nos e sejamos mais seres humanos. 

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