“Já podeis da Pátria filhos ver contente a mãe gentil; já raiou a liberdade no horizonte do Brasil” e “Brava gente brasileira, longe vá... temor servil; ou ficar a Pátria livre ou morrer pelo Brasil”, dizem as estrofes iniciais do Hino da Independência. Escrito por Evaristo da Veiga e musicado por Marcos Antônio da Fonseca Portugal.
Por conta de algumas alterações feitas por Dom Pedro I, o hino (originalmente Hino Constitucional Brasiliense) entrou para a história como sendo de autoria do proclamador da independência. Estamos em 07 de setembro 1822.
A independência do Brasil foi resultado da desobediência do jovem príncipe regente, Pedro de Alcântara, que se recusou a voltar para Portugal, juntamente com a família imperial. Os liberais, insuflados com a idéia de que o Brasil continuaria a ser colônia de Portugal, foram para as ruas. Chegaram a colher oito mil assinaturas exigindo a permanência do príncipe. Dom Pedro I, num gesto de grandeza e de altivez disse, em janeiro daquele mesmo ano que, “se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto! Digam ao povo que fico!” As conseqüências disto foi o rompimento dos vínculos com a Metrópole.
Porém, em tempos em que o Brasil contava com a presença de homens de verdade, as turbulências foram enfrentadas. Ao contrário de hoje, aquela foi uma época encantadora. A começar pelas palavras utilizadas (Pátria, Nação), passando pelas atitudes de despojamento da própria vida, tudo corre de forma diferente dos dias atuais. Sem sombra de dúvidas, o republicanismo presidencialista, que veio mais adiante, contribuiu para piorar a situação. A monarquia parlamentarista, não obstante suas falhas, parece-me, ainda hoje, o melhor regime. Controvérsias à parte.
Quanto à linguagem, assusto-me ao assistir pronunciamentos de autoridades públicas que sequer citam a palavra Pátria. Ela não existe mais. O passado e toda a sua carga emotiva foram enterrados e relegados ao limbo do egoísmo social. O cidadão de hoje não se orgulha mais de sua terra, quando há tanto do que se orgulhar.
Hoje, ninguém mais, talvez pouca gente, está disposto a morrer pelo Brasil. O Hino Nacional e o “verás que um filho teu não foge à luta” caíram no ridículo. Até porque o Brasil deixou de ser uma “mãe gentil”, para ser um “Leviatã”, o monstro que devora os próprios filhos. Dar esmolas não é cuidar dos filhos. Ninguém cria filhos dando-lhes esmolas.
Não há reciprocidade. Daí a falta de patriotismo. Não compensa morrer por um país que mata os próprios filhos, com a falta de segurança, com a falta de moradia adequada, que dá esmolas de caráter permanente.
Como reagir a esta onda generalizada de descrédito patriótico? Como fazer com que os filhos retomem o amor pela sua terra?
Eis o pleito eleitoral, hipotético nova dia da independência.
http://www.youtube.com/watch?v=vBcYVnix6Tk&feature=related
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